Confesso
A culpa pela carestia
E pela crise de energia
Eu sou o dono da OPEP
Ou Pepsi, ou Coca ou Cola
(Gonzaguinha - A Marcha do Povo Doido)
A temperatura média do planeta, em 2024, alcançou 1,5° acima do que era no período pré-industrial. Os modelos de previsão dos cientistas apontam que chegaríamos a esse marco apenas em 2030. É claro que o fenômeno experimentado no ano passado, e que percebemos com intensidade aqui no sul do Brasil nesse início de ano, não necessariamente significa algo já permanente. Mas o alerta está dado e precisamos urgentemente recalcular a rota. Se essa for a tendência, os eventos climáticos extremos — como as ondas de calor e as chuvas torrenciais — serão cada vez mais constantes. E isso tem um reflexo em nosso modo de vida. As secas ou as chuvas impactam na produção de alimentos. Os custos aumentam e o produto final fica mais caro, isso quando não escasso.
Um outro impacto do aquecimento global é no consumo de energia. Não só no aumento no consumo de quilowatt-hora, mas principalmente no quanto pagamos por eles. Recentemente, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou resolução que determina que os contratos de renovação com distribuidoras de energia elétrica passarão a incluir custos com manutenção e reparos em consequência de eventos climáticos extremos. Na prática, os brasileiros pagarão mais caro na tarifa de energia elétrica de agora em diante.
Atualmente, as distribuidoras não têm investido em projetos para enfrentar essa nova realidade no planeta. O apagão em São Paulo, em outubro do ano passado, deixou isso bem claro. A Enel, concessionária, se isentou de suas responsabilidades. Vale lembrar que, no estado de São Paulo, a distribuição de energia elétrica foi privatizada em 1998. Como empresa privada, é evidente que suas operações levam em consideração a racionalização para potencializar os lucros de seus acionistas. Tanto que a mudança na política da Aneel, de renovação de contratos, foi uma pressão das distribuidoras.
Em Santa Catarina, a Celesc, ainda pública, está sob ameaça de privatização. Em entrevista recente, Tarcísio Rosa, presidente da companhia, apontou que o processo de privatização da Celesc é um caminho que deve ser tomado. A experiência no Brasil demonstra que o processo de privatizações do setor elétrico, em curso desde a década de 1990, foi catastrófico para a sociedade brasileira. Nos estados em que esse processo ocorreu, são inúmeros os eventos de apagões, racionamentos e aumentos extorsivos nas tarifas. A lógica privatista desestruturou os modelos de planejamento, que agora, no enfrentamento da crise climática, fazem falta. Estamos diante da expectativa de uma incursão privatista em nosso estado e precisamos ficar atentos e mobilizados.
O Sinergia, sindicato dos trabalhadores do setor em Santa Catarina, se mobilizou no último dia 27 de fevereiro na Alesc, em defesa da Celesc pública. Para o dia 9 de abril, também na Assembleia Legislativa, em Florianópolis, está marcada uma audiência pública para tratar da gestão da Celesc. Defender a Celesc pública 100% é defender o patrimônio do povo de Santa Catarina!